Para Mirna Oliveira/Ticianne Oliveira, espero que agora, aos 27 anos, você resolva esta sua crise de identidade jornalística de como assinar seu nome.
Daí que hoje eu me toquei que as únicas pessoas com quem eu queria estar, estavam longe. As mais próximas estavam a pouco mais 270km de distância. As outras eu nem sei medir. E eu queria era estar com elas pessoalmente mesmo. Vendo os sorrisos, as expressões faciais, a mudança de olhar quando eu digo que estou com uma mania nova daquelas repentinas que só duram até me dá preguiça de falhar uma vez. Mas daí, eu queria sentar com elas no fim da tarde sem precisar justificar a vida, as coisas, a solidão, as dores e essa fuleragem toda que a gente sente quanto está assim, meio desocupado e cansado depois de alguns dias fora, vivendo coisas novas.
Pra mim, um dos termômetros da amizade verdadeira é você conseguir ficar algum tempo ao lado do outro ouvindo o som de um silêncio absoluto e se satisfazendo apenas da companhia que está ali, e isso basta. Por isso, não adiantava pegar o telefone e ligar pra nenhum deles se não fosse para encontrá-los.
Então, me toquei do quanto meus amigos são realmente pacientes comigo. Eu sou uma pessoa complicada...enjoada, bipolar, estranha. Às vezes, acontece quando eles mais precisam. Sumo, viajo sem dizer, desligo o celular e fico durante dias sem saco de passar a noite numa mesa de bar ouvindo as mesmas histórias de dez mil anos atrás. Aí volto assim, morrendo de saudades pra ouvir uma esculhambação pela a última enrascada, morrendo de saudades de cairmos na gargalhada juntos pelos nossos problemas.
Vim pra casa antes do pôr do sol com essa sensação de querer estar em Natal porque sou assim mesmo, nunca quero estar onde estou, e no caminho lembrei que amanhã faz 27 anos da morte de Papai. Pra ser sincera, lembrei primeiro que amanhã é o aniversário de uma das minhas melhores amigas que já deve estar na minha vida há 20 e mora lá do outro lado do oceano uns 3 e a gente não se vê tem mais de 1 e lá deve tá rolando um outono meio sereno e infelizmente amanhã não poderei abraça-la. Talvez vamos rir juntas no Skype por uma hora ou duas, olhando uma pra outra pela webcam, como já choramos muitas vezes. Só que por mais um ano, eu não estarei presente na hora que os novos amigos dela gritarem: É Big! É big! É big! [como diz em alemão?]
Quando comecei a escrever este texto eu não queria muita coisa além de dizer que não consigo não suportar viver o dia de amanhã porque ele se tornou especial depois da minha amiga. Eu acordo sempre entregando a vida dela a Deus, as decisões, as inquietudes e a nossa amizade, para que seja sempre forte e que se revigore a cada dia – apesar de acreditar que ela nunca acabará ou se enfraquecerá. Depois agradeço, porque a vida tem a sua forma de realizar as coisas a favor dela e com o tempo a gente entende.
E acho que não consegui dizer muita coisa. Mas não importa. Até porque nem precisava disso pra minha amiga saber o quanto a amo, o quanto sinto falta dela fisicamente e o quanto ela me ensina o que nem um oceano é capaz de separar.
Daí que hoje me toquei que as pessoas com quem eu queria estar, não estavam longe.
Quem está longe sou eu.
3 comentários:
Larissa, você conseguiu expressar exatamente como sinto-me muitas e muitas vezes, em meio a minha vida corrida e que por muitos momentos me pede para parar e, por exemplo, ler um texto como o seu. Muitas felicidades para você, que compreende a essência da vida, por ser uma pessoa sensível ao que acontece ao seu redor.
Vocês, mulheres, são criaturas estranhas, mas nem sempre indecifráveis. Às vezes, são contraditórias...
Todas (e eu disse TODAS) as mulheres com o grau de inteligência suficiente para escrever coisas desse tipo, profundas, cultas e coisa e tal, são, por outro lado, extremamente dependentes de companhias, de amigos, de estar junto, de fazer parte de algo.
E não estou dizendo que isso é uma coisa ruim. Ou que é uma regra.
Isso apenas... é.
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