Um refúgio. Isso. É disso que eu preciso. Eu preciso fugir. Vou agora mesmo fazer as malas, pegar uns trocados, vender umas coisas e vou embora. Não contem pra ninguém. Não deixarei bilhetes e se sentirem falta, ahhh, "diz que fui por aí..." levando uma caneta e um papel debaixo do braço. Procurarei emprego em algum lugar bem longe daqui,Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Paris, Londres, qualquer lugarque esteja longe dessa angústia.
Preciso de uma vida nova e de muita audácia. Não venha comigo, euquero ir sozinha. Eu nunca quis tanto ir sozinha para algum lugar,estar sozinha, me perder, me encontrar, conhecer pessoas novas, cruzar novos horizontes, conhecer novas paixões. Ahh, quem sabe aquela viagem pelo Caminho de Santiago não está no momento certo!? Isso, Chile. Adoro o Chile. É um ótimo momento para reencontrar-me com Neruda e renascer nas suas rimas.
Qualquer lugar que não seja aqui. O problema não é o mundo, sou eu que finjo em sorrisos ser feliz. Posso ouvir a voz do Chico Buarque cantando 'O que será que será?' no meu ouvido. E quer saber? Não tem mais jeito de dissimular. Eu não agüento mais priorizar a felicidade dos outros, poupar dores que não são minhas e me causar tanta dor. Equem vai me entender? Quem vai me apoiar?
O destino que vai dizer se a minha decisão será sábia ou não. Mas também eu nunca tive quem tirasse os meus medos. Sempre enfrentei e vi desabrochar a dor para ficar cada vez mais forte. Fechei meu corpo aferro e fogo, os males do mundo em mim batem e voltam para onde nunca deveriam ter saído.
Vou. E vou agora. Não fiquem na janela me esperando voltar. Não voltarei. Não me digam que o 'amor é lindo', que eu tenho tudo que qualquer um quer ter, que eu estou louca, não vai adiantar. Eu não sei pensar e se for ser racional vou fingir. Recomeçar. Simplificar ao amanhecer. Vou embora e não venha comigo.
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