domingo, 15 de abril de 2012

Achava que não tinha mais nenhum mistério para desvendar no seu corpo e a luz acendeu.

Arrumávamos nossa bela vista defronte para as janelas dos outros enquanto nosso suor refletia o sol que invadia o vidro interrompendo um silêncio calado sem perdão, porque não se peca quando o mundo se abre no olhar.

E dentro de toda essa nossa atmosfera onde só a respiração fala, sinto o seu corpo nu no meu. Ah como o nosso corpo cabe um no outro! O jeito que seus dedos se encaixam nos meus cabelos e que as minhas coxas abraçam os teus quadris. A palma dos seus pés me amando até a sola dos meus. O mundo se move no nosso tempo enquanto a gente se move entre o chão e as paredes. Meus seios, seu regaço. E Basta sorrir. Te dou meus ossos. E te dou todos os meus cheiros, e minhas promessas não cumpridas, meus monólogos incompreensíveis, minhas declarações de amor bêbadas - e as de ódio, e aquelas observações sinceras intermináveis; meus gritos, meus silêncios, meus gemidos, meus sussurros, os pelos da minha pele e minha pele pra você tatuar o que quiser e tattoo you. Minhas palavras, meus papéis, minhas tintas, meus pincéis e toda essa felicidade para colorirmos a parede da nossa atmosfera de claridade. Meus suspiros, quando termino de absolver o seu corpo. Enquanto você, de pé, vai virando o disco e virando uma dose de uísque pra lembrar que “ó, a gente tá brigado”.

Ãn-rã-n.

E eu sei que eu respondo cínica a tudo que me faz ser sua.

Mas o que eu quero mesmo que você saiba é que [dois pontos] não tenho mais nenhum mistério a desvendar no teu corpo.

Até tocá-lo a próxima vez.

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- teu corpo cabe no meu