terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Vai...

És dos males o pior dos problemas.
Da tristeza és amigo íntimo.
Vai, segue e some.
Póstumas lembranças... Cala-te na noite.
És culpado-mor de tristes recordações que assolam a mente minha.
Mal intento,
Escurece essas lembranças!

És como a noite; tens utilidade única de inspirar.
Vai, frio e calmo.É quando presto.
Enquanto dormem todos.
É quando existo... Que mais penso.
É quando sou algo para alguém.
Enquanto você dorme o sono dela.

Vai, sussurra teus segredos.
Furta meus medos e desejos.
Queima meus medos. Nas cinzas se misturem os desejos.
Leva os mais profundos para junto dele, Noite.
Faz com que ele saiba...

Vai noite, me entenda e atenda.
Vigilante das causas perdidas e dos crimes (quase) perfeitos.
Testemunha oculta de atrocidades mil.Saturna, triste e acuada. O que podes fazer?
Nada. Apenas sofre junto.
Vai:
Segue, some, entenda e me atenda.
Vai. Traga-o. Preciso ouvi-lo, preciso tocá-lo quente...

Ele me sussurra teus segredos de uma maneira fria e calma.
Se tens som, a melodia é de uma triste suavidade.
Melancólica e cadenciada. Sinto que anseia por gritar, quebrar nosso silêncio. Espera.
Vou noite, me calar para te ouvir.
Agora, no escuro desse hospital, antes que essa crise cure.
Antes quê o que nunca existiu se acabe.


Adaptado do Poema "Da Noite - Jonâtas Andrade"

3 comentários:

Edson Marques disse...

Laris,


O Acaso e um texto "do" Eduardo Pedrosa (sobre Mudanças) me trouxeram até aqui.


Mude,
mas comece devagar,
porque a direção é mais importate que a velocidade.




Abraços, flores, estrelas..

Laris. disse...

Clarice Lispector.

Paulo Peres disse...

Nossa, muito belo. Misterioso.