quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Aliás, não sou de muitas citações alheias. Prefiro mantê-las imaculadas apesar de vezenquando ser absorvida pela aquela sensação de "poxa, queria ter escrito isto". Mas hoje, muito cedo da manhã, Reinaldo Azevedo tomou de assalto a minha emoção citando na sua coluna umas linhas de Dylan Tomas traduzidas por Mario Faustino e, de boba talvez, me questionei: Ah, por que ele citou não Mario Faustino mesmo, que nem de tradução para o português ia precisar?! De boba. Falei. Mas o poema de Faustino o que não é é bobo como eu. E, pra falar a verdade, sem arrodeios, queria ter escrito isto:

O som desta paixão esgota a seiva
Que ferve ao pé do torso; abole o gesto
De amor que suscitava torre e gruta,
Espada e chaga à luz do olhar blasfemo;
O som desta paixão expulsa a cor
Dos lábios da alegria e corta o passo
Ao gamo da aventura que fugia;
O som desta paixão desmente o verbo
Mais santo e mais preciso e enxuga a lágrima
Ao rosto suicida, anula o riso;
O som desta paixão detém o sol,
O som desta paixão apaga a lua.
O som desta paixão acende o fogo
Eterno que roubei, que te ilumina
A face zombeteira e me arruína.


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