Quem não for exagerado com suas paixões que me atire à primeira pedra. Eu sou, sou muito exagerada. Prefiro a sobra, à falta. Sofre o quê me apego, me jogo, não consigo obedecer regras e nem sei o que é limites.
Não sou boa em estatística, mas quase 30% do meu salário eu gasto com literatura, música e cinema. Esse mês de dezembro vou fazer as contas para ter noção. É quase uma obsessão.
Começo minha romaria pela sessão de CD’s fico horas vendo lançamentos e procurando além de sambas, coisas estranhas, regravações, relançamentos e claro, clássicos antigos. Depois sigo para os filmes, e quando Nicole (uma grande amiga mais viciada que eu) está longe – na maioria das vezes – fico trocando SMS, pedindo sugestões e rasgando a alma com trechos das sinopses. Na literatura, Jônatas (o melhor vendedor de livros do mundo, e qualquer dia vou escrever só sobre ele) me controla ou descontrola.
Pois bem, quem me conhece sabe o quanto eu sou saudosista, sinto saudades até do que não vivi. Sempre tive muita vontade de assistir ao clássico ‘Dio, come ti amo’, passei anos procurando, tentei sebos, livrarias, internet; quando encontrava, ou o vendedor era de longe, ou não tinha versão em português, ou não estava em bom estado de conservação, sempre tinha um empecilho, e um dos meus maiores sonhos era presentear minha mãe com esse filme. Foi no Cine Pax, em uma nova exibição de 1980 que os meus pais deram o primeiro beijo, embalados na canção de Domenico Modugno.
Final da manhã no último sábado, em Fortaleza, fui ao Aeroporto Internacional Pinto Martins esperar meu noivo que chegaria de Natal, sorte minha esquecer pela milésima vez em um mês que o país está funcionando pelo horário de verão. Caminho impaciente, quando de repente me vejo na porta da Laselva Bookstore, e coisa sortida é livraria de Aeroporto; tem tudo, em todos os idiomas. Entrei, lá não sentiria a hora passar.
Até que quando menos espero me deparo com a expressão forte de Gigliola Cinquetti e o olhar malandro de Mark Damon ilustrando a capa do DVD azul, em versão restaurada e remasterizada de colecionador. Tinha cinco, quase compro todos, mas pensei “outras pessoas precisam vê”, trouxe dois, o meu e o de mamãe. A minha felicidade era empolgante, notei que o rapaz do caixa estranhou, embrulhou para presente, enquanto eu escrevia a dedicatória mais ‘sem ter o que dizer’ da vida. Quando saí da livraria, deixei escapar uma lágrima de felicidade que não virou choro porque o telefone interrompeu, e era ela. Nós temos essa espécie de telepatia. Já comprovamos outras vezes. Sentimos tudo de bom e de ruim uma com a outra.
Cheguei de viagem e entreguei o pacote, ela abriu, olhou frente, verso, sorriu, me abraçou e silenciou. Corri para o meu quarto e fui assistir. Que produção linda! Edição, fotografia, trilha, tudo de hipnotizar. Em preto e branco. O entrosamento dos atores, os detalhes, a delicadeza, a harmonia das discussões, a simplicidade, a naturalidade, a verdade. Foram 1h47m de êxtase total e a comprovação de que não se faz mais cinema como antigamente. Parece que para os grandes diretores nada funciona mais sem explosões pirotécnicas e perseguições alucinantes.
Tudo na vida tem seu tempo certo. Se eu tivesse assistido em qualquer outro dia não teria feito o sentido que fez. Eu não teria o entendimento que tive, não teria sido a mesma emoção e eu não estaria apaixonada até agora. Já vi novamente. Até antes de ontem ‘Non ho l’età’.
Não sou boa em estatística, mas quase 30% do meu salário eu gasto com literatura, música e cinema. Esse mês de dezembro vou fazer as contas para ter noção. É quase uma obsessão.
Começo minha romaria pela sessão de CD’s fico horas vendo lançamentos e procurando além de sambas, coisas estranhas, regravações, relançamentos e claro, clássicos antigos. Depois sigo para os filmes, e quando Nicole (uma grande amiga mais viciada que eu) está longe – na maioria das vezes – fico trocando SMS, pedindo sugestões e rasgando a alma com trechos das sinopses. Na literatura, Jônatas (o melhor vendedor de livros do mundo, e qualquer dia vou escrever só sobre ele) me controla ou descontrola.
Pois bem, quem me conhece sabe o quanto eu sou saudosista, sinto saudades até do que não vivi. Sempre tive muita vontade de assistir ao clássico ‘Dio, come ti amo’, passei anos procurando, tentei sebos, livrarias, internet; quando encontrava, ou o vendedor era de longe, ou não tinha versão em português, ou não estava em bom estado de conservação, sempre tinha um empecilho, e um dos meus maiores sonhos era presentear minha mãe com esse filme. Foi no Cine Pax, em uma nova exibição de 1980 que os meus pais deram o primeiro beijo, embalados na canção de Domenico Modugno.
Final da manhã no último sábado, em Fortaleza, fui ao Aeroporto Internacional Pinto Martins esperar meu noivo que chegaria de Natal, sorte minha esquecer pela milésima vez em um mês que o país está funcionando pelo horário de verão. Caminho impaciente, quando de repente me vejo na porta da Laselva Bookstore, e coisa sortida é livraria de Aeroporto; tem tudo, em todos os idiomas. Entrei, lá não sentiria a hora passar.
Até que quando menos espero me deparo com a expressão forte de Gigliola Cinquetti e o olhar malandro de Mark Damon ilustrando a capa do DVD azul, em versão restaurada e remasterizada de colecionador. Tinha cinco, quase compro todos, mas pensei “outras pessoas precisam vê”, trouxe dois, o meu e o de mamãe. A minha felicidade era empolgante, notei que o rapaz do caixa estranhou, embrulhou para presente, enquanto eu escrevia a dedicatória mais ‘sem ter o que dizer’ da vida. Quando saí da livraria, deixei escapar uma lágrima de felicidade que não virou choro porque o telefone interrompeu, e era ela. Nós temos essa espécie de telepatia. Já comprovamos outras vezes. Sentimos tudo de bom e de ruim uma com a outra.
Cheguei de viagem e entreguei o pacote, ela abriu, olhou frente, verso, sorriu, me abraçou e silenciou. Corri para o meu quarto e fui assistir. Que produção linda! Edição, fotografia, trilha, tudo de hipnotizar. Em preto e branco. O entrosamento dos atores, os detalhes, a delicadeza, a harmonia das discussões, a simplicidade, a naturalidade, a verdade. Foram 1h47m de êxtase total e a comprovação de que não se faz mais cinema como antigamente. Parece que para os grandes diretores nada funciona mais sem explosões pirotécnicas e perseguições alucinantes.
Tudo na vida tem seu tempo certo. Se eu tivesse assistido em qualquer outro dia não teria feito o sentido que fez. Eu não teria o entendimento que tive, não teria sido a mesma emoção e eu não estaria apaixonada até agora. Já vi novamente. Até antes de ontem ‘Non ho l’età’.
Um comentário:
Larissa, acredito que as sensações não devam ser privadas (as boas) do ambiente externo. Nâo se ve priva as pessoas de verem sorrisos, alegrias, emoções positivas. E também não meço esforços para dar alegria aos que me circundam, (Vc terá uma prova disso se falar com Bel. rs).
Uma coisa que tento fazer e vejo que vc faz melhor que eu: é manter uma tradição e respeito às coisas inesquecíveis. São elas que nos levam as nossas origens.
Acho que é importante celebrar isso sempre.
Por falar nisso vou até procurar este filme pra ver. Quero tentar sentir a mesma sensação e se deliciar com os filmes de antigamente, que por sinal sempre nos surpreendem.
bjs e muito boas as palavras.
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