Quando eu era criança lembro que sempre que alguém morria minha avó costumava dizer: “é uns morrendo para dar vida aos outros”. Minha avó materna chama-se Terezinha Araújo, me criou até o dia que morreu, era daquelas beatas de passar o dia rezando o terço. Foi ela quem mais me ensinou sobre a morte. Morreu nos meus braços, num verão que eu nunca vou esquecer.
Lembro-me dela todos os dias, nas coisas mais simples, e agradeço por ter nascido primeiro do que meus primos e ter experimentado o seu amor dobrado, o seu colo, a sua canja quente de galinha e os passeios no centro da cidade nas tardes ensolaradas, terminadas na padaria, claro, depois de passar na capela do Coração de Jesus.
Essa semana descobrimos que minha prima de 17 anos está grávida do namorado de 18. Cheguei em casa e a CPI acontecia na cozinha, estava vendo a hora perguntarem a ela como foi. Meu avô, meus tios, ela e o rapaz. Parecia um júri; os réus, os acusadores, as testemunhas, todos perdendo tempo em comemorar a chegada de uma nova vida. Sei que não é fácil, ela rompeu algumas expectativas que os pais tinham nela, mas, a vida continua e ela pode continuar também.
Depois que todos foram embora me flagrei rindo sozinha desses tempos modernos. No ano 2001 eu tinha 17 anos e por pouco não acreditava que a cegonha tinha me deixado na porta de casa e hoje, a menina loirinha que eu brincava porque era do tamanho das minhas bonecas vai dar um bisneto a vovô primeiro que eu.
As ordens naturais estão sendo rompidas. As etapas da vida ultrapassadas com a velocidade de uma corrida. E é estranho quando isso acontece. A gente não se acostuma, e sempre acredita na lei do vizinho.
Ontem, acompanhei o velório e o enterro de um rapaz de 19 anos que morreu de um transplante de fígado. Lutou como um guerreiro, não se entregou um segundo se quer, lutou pra vencer e venceu. Partiu para viver outra fase que também faz parte da vida. Os pais questionavam o porquê do rapaz alegre, inteligente, cheio de vida e vontade de viver tinha partido primeiro que eles. Não entendiam, confesso que também não entendo.
Sempre acreditei que viver é mais do que os compromissos e as sensações daqui, o mistério está no que vem depois, antecipado pela vida que veio antes.
Viver deve ser mesmo criar a oportunidade de não deixar nada para depois.
Amanhã é um longo tempo.
Não adianta se afligir, somos espuma.
Lembro-me dela todos os dias, nas coisas mais simples, e agradeço por ter nascido primeiro do que meus primos e ter experimentado o seu amor dobrado, o seu colo, a sua canja quente de galinha e os passeios no centro da cidade nas tardes ensolaradas, terminadas na padaria, claro, depois de passar na capela do Coração de Jesus.
Essa semana descobrimos que minha prima de 17 anos está grávida do namorado de 18. Cheguei em casa e a CPI acontecia na cozinha, estava vendo a hora perguntarem a ela como foi. Meu avô, meus tios, ela e o rapaz. Parecia um júri; os réus, os acusadores, as testemunhas, todos perdendo tempo em comemorar a chegada de uma nova vida. Sei que não é fácil, ela rompeu algumas expectativas que os pais tinham nela, mas, a vida continua e ela pode continuar também.
Depois que todos foram embora me flagrei rindo sozinha desses tempos modernos. No ano 2001 eu tinha 17 anos e por pouco não acreditava que a cegonha tinha me deixado na porta de casa e hoje, a menina loirinha que eu brincava porque era do tamanho das minhas bonecas vai dar um bisneto a vovô primeiro que eu.
As ordens naturais estão sendo rompidas. As etapas da vida ultrapassadas com a velocidade de uma corrida. E é estranho quando isso acontece. A gente não se acostuma, e sempre acredita na lei do vizinho.
Ontem, acompanhei o velório e o enterro de um rapaz de 19 anos que morreu de um transplante de fígado. Lutou como um guerreiro, não se entregou um segundo se quer, lutou pra vencer e venceu. Partiu para viver outra fase que também faz parte da vida. Os pais questionavam o porquê do rapaz alegre, inteligente, cheio de vida e vontade de viver tinha partido primeiro que eles. Não entendiam, confesso que também não entendo.
Sempre acreditei que viver é mais do que os compromissos e as sensações daqui, o mistério está no que vem depois, antecipado pela vida que veio antes.
Viver deve ser mesmo criar a oportunidade de não deixar nada para depois.
Amanhã é um longo tempo.
Não adianta se afligir, somos espuma.
2 comentários:
olá, aqui é seu amigo flamenguista doente, venho parabenizar pelo blog, está muito bom. seus posts são criativos e reluz a imaginação dos leitores, em particular, gostei dessa frase: "Sempre acreditei que viver é mais do que os compromissos e as sensações daqui, o mistério está no que vem depois, antecipado pela vida que veio antes."
Tem tudo a ver...
parabéns e um beijo, continue "vivendo", esse é o dom maior.
Daniel Leonardo.
não te conheço, mas achei por acaso o seu blog e adorei o texto :)
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