domingo, 18 de abril de 2010

Para um amor em Buenos Aires

Nem sei se deveria te encaminhar esta carta, provavelmente não. Um e-mail cairia melhor com todas aquelas didáticas tecnológicas de correções, grifes vermelhos ou verdes, fontes, emoticons, negrito, itálico e sublinhado que você tanto gosta de usar dando destaque ao que eu disse e ao que você deixou de dizer.

Em papel cor de rosa, claro. Para remeter à memória todos aqueles dias alimentando pombos e passeando entre o rock argentino e toda aquela influência latina que doentia me fez ensaiar os mais longos tangos Red&Black e gritá-los lembrando você.

Para sintetizar, eu estava de saco cheio dos seus ‘quiquiquis’ e você não estava sendo a pessoa consciente que eu sempre achei que fosse, sabe disso e sabe exatamente como e o que aconteceu.

Nunca crio expectativas, não devo. Nunca achei que fosse amor. Não dou esperando qualquer coisa em troca. Qualquer mínima intenção. Não faço isso com os comuns, não faria com você.

Fui eu com você, pra você, todas às vezes. Limpa. Sincera até quando não deveria ser. Eu tenho é vergonha de ter achado que... de ter pensado que... você me conhecia.

Acho que realmente nunca terei a maturidade e a segurança suficiente de me convencer a não viver. Nem nunca me calarei diante do que acredito. Muito menos fugirei do que eu sinto. Não lutarei pelo o que eu quero. Mas eu respeito você. Até porque o que eu quero guardar de tudo isso “dessa história incompleta que existe entre nós dois” são as palavras positivas. Quero guardar a sinceridade e o caráter que você sempre pintou para mim.

Só não consigo até agora entender a mentira. Não admito as suas mentiras conhecendo o seu tom voz quando mente. E outra: eu merecia a verdade, doeria menos e não sofreria decepção.

Eu sei o meu lugar e sei principalmente quando não há lugar para algo.

Era sinceramente, a última coisa que eu esperava de você! Tudo. Tudo menos não ser fiel às palavras.

O único motivo que me faz escrever é a lembrança do dia que você disse “você nunca conseguirá amar de novo” e essa foi a melhor de todas as suas mentiras.

Você não merece uma resposta. Nem eu. Então, não gaste os seus papéis me ensaiando leads desaforados.

Perca seu tempo sendo feliz nos sonhos que me amou.

Sem reticências alguma. Estas palavras são meu ponto final.


Abril, 1999.

Um comentário:

@monicacompoesia disse...

Só os amores partidos,corroídos pela ausência de transparência e de entrega carregam em si a tola pretensão de que será ele eterno. Imensa tolice.Todo amor é infinito enquanto dura e só existe enquanto os amantes estão proximos(de coração)o suficiente para zelar por ele. A unica coisa que nos cabe esperar do fim de um amor é que, quando chegar a sua hora possa ele, graças aos bons frutos colhidos durante a jornada, deixar em seu lugar uma linda amizade..