Rapidamente chegam a duas conclusões sobre mim. A primeira é que eu sou braba. A segunda é que “você não é de mandar recados”, como se diria na terra de Didi Mocó Sorinzé Colesterol. Pois bem. Quanto a ser braba é um tremendo exagero. Quanto a não mandar recados, não sei. Não sei se eu não mando recados ou se os outros mandam recados demais.
A vida tem me tornado uma pessoa sem muitas fantasias. Não sem imaginação. Minha vida real é muito atarefada, séria, educada, certinha e cheinha de protocolocos. A virtual? Bem a virtual é uma rebombela de desabafos, desafetos e dissabores.
O filme mais besta que vi na minha vida foi “Se beber, não case”, inclusive, até hoje quando eu lembro que desperdicei duas horas de uma noite de sábado no cinema para assistir me arrependo. Salve-se a companhia, as pipocas com guaraná e os amassos. Mas como nem o vento que não sopra nessa vida acontece por acaso, hoje, meses depois, sem a companhia, sem os amassos e sem a pipoca, mas com o guaraná, eu entendi que do título do filme sairia o melhor trocadilho dos últimos tempos da última semana: Se beber, não tuíte.
Se beber, não tuíte. As chances de dar em merda são enormes. É verdade. Você pode sim mudar sua vida em 140 caracteres pro bem ou pro mal – dependendo, claro, do referencial. Conheço pessoas que se tornaram celebridades, desmancharam o namoro dos sonhos, ridicularizaram o chefe, pediram alguém que mal conheciam em casamento e escreveram pornografias que revelaram os mais profundos e íntimos desejos sexuais.
Sem ilusões, por favor!
As pessoas perdem a noção de tempo, espaço, vergonha e sociedade em 140 caracteres. Sem contar, os registros digitais, as fotinhas sexieis e et cetera e coisa e tal.
Vai sair para beber? Faça o seguinte: deixe o computador desligado. Deixe a bateria descarregar, esconda o teclado, adormeça no sofá, amordace os dedos, faça qualquer coisa que não seja apertar o click ou meter o dedo indicador no enter.
Ultimamente, tenho cometido algumas gafes virtuais. Fiz concessões, dei conselhos tortuosos, sugeri separações que não se concretizaram, propus o inatingível. Desabafei, me abri, me declarei por twitter sob o comando de algumas doses de vodka. Às vezes, entre o céu e o inferno.
Mas como me controlar? É irresistível. A bebida abre o coração reprimido, desarma, abaixa a guarda. A bebida revela tudo o que é preciso para se escrever, se criar, se compor com verdade e precisão. Sensatez serve aos matemáticos, não aos inquietos. Eu aviso: estou bêbada. De quê adianta? De nada.
Agora, junte tudo isso ao sono e a falta de reflexos na hora de clicar “send”. Então, comete-se a gafe maior de todas: enviar de porre uma “direct mensage” para o @rroba errado.
Que merda, Moço!