terça-feira, 22 de março de 2011

Eu escolhi viver

Outra dia eu não estava conseguindo realizar uma coisa que queria muito e que só dependia de mim e quis me desesperar. Sabe quando você se sente impotente? Meio homem quando broxa na cama depois de toda uma preliminar bem elaborada? Um jantar romântico e aquela expectativa enorme de que ia ser, ia ser? Pois é. Terrível broxar na cama imagine fora dela. E, no meu caso, eu não tinha nem como fingir que ia ficar tudo bem. Nem que a preliminar tinha sido ótima, nem trazer pros meus abraços, dar uns beijinhos, fazer um cafuné, adormecer e tentar depois.

No meu caso eu só tinha uma opção: ter coragem de apertar o gatilho. E, antes que vocês leiam ao pé da letra, eu não ia matar ninguém, apesar da vontade não faltar e de achar que tá na hora de começar uma Terceira Guerra Mundial porque tem sim, muita gente precisando morrer para o mundo ficar melhor. Pois bem, pois mal, eu não apertei o gatilho. Não apertei o gatilho, não montei o cavalo, não lancei a flecha, não gozei. E estou comigo entalada na garganta até agora. Estou como uma pessoa apaixonada que descobre que seu amado (a) está amando outro alguém. Logo eu que não tenho o menor medo de recomeçar. Que quando eu me dou conta já estou totalmente envolvida e blá blá blá.

Logo eu que não sei me conter. Que tenho uma espontaneidade que é mais impulso que coragem, que sempre faço na emoção e deixo a razão pra pensar depois. Logo eu que.

Que não consegui realizar um objetivo que sonhei. Simples. Estava nas minhas mãos. Então, me mandei pra rua. Nessas horas eu sempre preciso pensar sem pensar muito bem. De repente me ocorreu que o dia mais difícil da minha vida, foi também o mais feliz. E pude até sentir o cheiro da tinta que compramos para pintar a parede. Pude sentir a esperança do futuro espremida em dois, num colchão para um.

Daí, lembrei da frase que meu Pai escreveu pra minha Mãe num cartão de dia dos namorados em 81 que dizia “Nossas vidas têm que caber numa mala só, os sonhos no horizonte infinito” e aí deixei de me cobrar e de ficar chateada comigo porque não consegui realizar um sonho que posso continuar sonhando porque ainda existe vida. Mas minha vida não cabe mais numa mala só e a realidade é um horizonte limitado. E posso sentir algo me dizer “se desfaça de algumas coisas”.

Na prática, nem é tão teórico assim. Quando eu me lembro do sonho, ainda fico chateada, arrependida, o peito remoendo com aquela sensação da cena mudar e de claro, não haver outra oportunidade. Vem aquela agonia movida pela inquietação, impaciência, vontade de sumir, de morrer. E nessas horas se vai um pouco mesmo.

Eu sempre fui meio ruim de escolhas. Eu sempre quis tudo que eu quis.

Volto da rua para o mesmo lugar e escolho viver.

Eu sou assim, um sonho perdido - na vida.

7 comentários:

Paulo Sérgio disse...

E o livro? Já voltei para o Brasil ontem, estou em Fortaleza. Você precisa conhecer o Chile, lembrei de você a cada esquina. Vai ganhar presente de aniversário importado. Espero que goste.

Laris. disse...

Êbaaaaa. Não vejo a hora de você chegarrrrrrr. Hummm ganharei regalos??? Que bom! Ih, pense numa aniversariante desanimada. Chegue logo pra ver se eu me animo que deve ser saudades de vc.
=*

André Miranda disse...

Sempre algo muito bom pra ler por aqui.

Lidiane disse...

Essas suas escolhas... Acho q precisa rever q tipo de homem vc quer pra vc. E tocar a vida, sempre!

Laris. disse...

Obrigada pela generosidade, André.
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Não entendi seu comentário, Lidi. Onde eu falei que a escolha era amorosa? hehehehe Vida sempre!

Lidiane disse...

É q suspeitei errado, D. Larrisa.

Laris. disse...

Não estou com essa bola toda pra escolher amor, não.
No meu caso, o amor sempre me escolhe.