quarta-feira, 13 de abril de 2011

Sobre a indecisão

Há de se aplaudir as pessoas indecisas. Elas conseguem viver como se atravessassem uma poça d'água o tempo inteiro. Ou como se flutuassem na corda bamba sem sombrinha. Como se dançassem embriagadas na chuva. O jeito corajoso das pessoas indecisas transitarem entre a dúvida do quero ou não quero como se despetalassem uma margarida em gesto de bem me quer mal me quer. Como se permitissem decidir tudo no par ou ímpar, no zerinho ou um. Como se não tivessem outro jeito mais gostoso de resolver do que machucar a alma nas dúvidas da indecisão. Não há outra opção para o indeciso além da de não resolver.

Há de se aplaudir as pessoas indecisas. Elas conseguem viver em nível de tortura o tempo inteiro. Torturando a própria alma e a calma do outro. O jeito eremita que as pessoas indecisas têm de vagarem na vida como se fossem despetalar um amor, como se o sentir fosse uma eterna dúvida entre a felicidade e a infelicidade.

Há de se respeitar as pessoas indecisas. Elas deixam que a vida decida por elas. Deixam a vida levá-las como queira. Deixam pra vida ou pros outros a decisão dos seus caminhos, dos seus desejos. E levam a vida até o último limite do corpo, do sofrimento.

Há de se cuidar das pessoas indecisas. Elas estão sangrando o tempo todo.

Um comentário:

Anderson Morais disse...

muito bom , eu fui e sou uma pessoa indecisa sem vergonha de assumir-me assim...