quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Sinceramente...

Eu acredito nos casamentos. Acredito em uniões que podem durar até que a morte separe, acredito em amor, em companheirismo, em comodismo, em dependência, em costume, só não acredito em fidelidade plena. Tenho uma amiga que passou quase um ano sem falar comigo porque quando convidada para ser madrinha do seu casamento, recusei. Não ia amadrinhar uma relação que eu não acreditava por haver mentiras e traições claras desde primeiros meses de namoro com a negação total do futuro marido, colocando-a contra tudo e todos. Os momentos de felicidade não compensam os de dor e a história se repete, este é o defeito dela.

Semana passada, encontrei o marido da minha amiga saindo de um restaurante aos beijos com outra mulher, fiz de conta que não vi, hoje, ele me ligou para justificar a “traição”. Imagino o quanto isso deve tê-lo consumido esses dias. Eu nem lembrava mais.

Sinceramente, não classifico a moça como amante, o marido da minha amiga não foge do casamento para uma aventura, foge para outro casamento. Não é sexo casual, nem prazer momentâneo. É compromisso. Ele freqüenta a casa da moça, gosta e participa da vida dela. Ela não sabe que ele é casado e ele está sendo fiel aos sentimentos dele. Tentou me explicar isso em um discurso nervoso que encerrou com o questionamento: você não vai dizer nada?

Eu sempre me coloquei no lugar das pessoas. Não acho a vida do outro fácil de resolver; sinto que ele não está procurando encontrar algo que falta no casamento, e sim tentando repetir o que encontrou. Se um casamento é complicado, pesaroso é entender o esforço de sustentar dois ao mesmo tempo.

Fico me perguntando como faz para não embaraçar o que foi vivido? Não confundir os cuidados amorosos. Está pronto para discutir relação com dois comportamentos diferentes. Imagina as brigas? Se explicar em crise, e se explicar sem ter razão.

Imagino como será o velório dele. Quem será a real viúva? Será que minha amiga não desconfia? Eu saberia. Certeza como saberia. E, acredito que ela saiba. Se não, que nunca leia estas linhas.

Não há como apagar o que se avançou, eliminar o que já faz parte do movimento, do corpo. Escolher? Ele não escolhe, acumula. Gosta das duas. Separar? Ele não vai conseguir nunca, separação não existe quando se gosta. O máximo que acontece é se afastar, observar de longe, não abandonar.

Casou-se com minha amiga e vai continuar casando com os casos para caçar loucamente o amor de qualquer jeito. Quem não é fiel por dentro nunca será por fora. Casamento é uma escolha, não um estado civil. Uma pessoa comprometida não precisa de aliança para mostrar o compromisso. Ela é a aliança. É como diz Mario Quintana “Uma ave voando não significa que está partindo. Uma ave voando pode estar regressando”.
Só acho dispensáveis as justificativas.

5 comentários:

Eduardo Magalhães disse...

Passado...E como diria Cinderela no Programa de humor diário que ela tem aqui em Recife: "passado e de chapinha viu...

Adorei a história da ave regressando.

Anônimo disse...

Fato: fidelidade é quase um achado! As pessoas traem nas menores coisas, quando estão distraídas... Não é só carne!

Raul Tialuso disse...

Difícil não é apenas a fidelidade.

Mas o comprometimento e a honestidade.

Sem mais comentários viu...

abs
Raul T.
-----------------------------
http://www.soluttia.com.br

Anônimo disse...

vc é careta, moça. mas escreve bem e tem assuntos interessantes. um abraço,

Laris. disse...

Você é convarde. Comente sobre meus textos, mas diga quem você é.