segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Amizades



Tenho medo do escuro, mas me entrego ao desconhecido. Sou daquelas pessoas que no primeiro contato você pensa que me conhece desde a infância. Tem dúvidas se realmente não crescemos juntos.

Eu tenho um jeito de fazer as pessoas ficaram a vontade e sem menos esperar me desabafarem sua vida, seus problemas, suas angústias, seus medos, seus impulsos, suas traições.

É natural. Não forço amizades. Só me interessa corações. Não me aproximo das pessoas. Elas correspondem, aproximam-se de mim.

O serviço público tem me ensinado muito sobre os outros. O estado de mendicância que muitos vivem. A carência de atenção que eu percebo. O sofrimento de quem só precisa de um olhar, de um abraço, de um pouco de atenção, só precisa que alguém o ouça, e como nos custa ouvir. Nos consome tempo. Tempo é dinheiro. Dinheiro é uma desgraça pior que poder. E custa ser amigo. Muitos fazem questão de não ser. Eu sou.

Os domingos, bucólicos por si só, tornam-se depressivos e angustiantes quando amanhecem acompanhados de velório e anoitecem com enterros.

E sabem por que eu sou tão feliz? Descobri ontem.

Porque sem motivos nenhum, ou cheio de motivos, um amigo me olhou nos olhos e disse: “dou minha vida por você”. Engraçado que ele foi capaz dizer num momento de tanta angústia e fragilidade onde mesmo na fraqueza ele ofereceu o seu melhor.

Eu tenho amigos. Eu não vivo no escuro.

Não importa o que você tenha. Importa a sua honestidade em assumir.

Um comentário:

Eduardo disse...

Quanto mais eu leio esse blog, mais vontade tenho de conhecer você... engraçado isso.