Os bancos deveriam providenciar um folheto explicativo sobre o uso do caixa eletrônico. Já observaram como as pessoas não sabem ao certo a utilidade daquela máquina? O quanto elas gostam de deixar que o tempo se esgote, que a operação seja anulada? E quando vão com 4 cartões? Pior, quando levam água, luz, telefone, cartão de crédito, prestação do carro, tudo para pagar no mesmo caixa e perdem a hora de ler o código de barra e começam a operação novamente, enquanto a fila, geralmente imensa aguarda, aguarda e aguarda.
Outro dia no MidWay, passei 20 minutos numa fila que só tinha duas pessoas na minha frente, de quebra, ainda perdi a sessão do cinema. Uma moça sacando, transferindo e pagando contas. Uma situação de falta de consciência e educação. Eu tenho vergonha de fazer isso, penso no tempo dos outros.
Mas, educação por aqui é coisa rara e sem remédio. A grande maioria não tem noção de espaço e respeito ao próximo.
Final da tarde de sexta-feira, depois de uma semana exaustiva de trabalho, viajo indisposta pra Natal. Mais de 4horas dentro de um ônibus. Primeiro, senta ao meu lado uma mulher com um menino de quase 6 anos no colo. Imaginei ”meu Deus, essa mulher vai passar 4horas com os quase 30kg nas pernas?” Mas não era problema meu, me junto da janela o máximo que posso, ligo Dorival Caymmi e tento dormir, não consigo. A criança estava empolgada demais em passar o feriado em Natal, soltar pipa, tomar banho de mar e “chegar à casa do tio Mauro pra encontrar o Lucas.”
Começo a ler. A mãe reclama “meu filho, a moça está estudando, chegue, encoste aqui em mainha”. O menino obedece. Consigo meia hora de tranqüilidade.
No corredor do outro lado, um rapaz espalhado na cadeira. Acredito eu, que ele seja a única pessoa nesse país que possuí um Iphone, tirou-o com gosto do bolso e ligou em altíssimo volume Thriller, do Michael Jackson. Começou a cantar com um inglês de péssimo tom. Coitado, não sabia nem o que estava dizendo.
Sinceramente não acreditei que ele fosse ficar ouvindo, mas ficou. Passou para Eternal Flame, de The Bangles, a pronúncia hilária “couse uas, baby io happe foiú, iouro fine a fime tcho iorlas dentes”, batia o pé, assobiava e mexia a cabeça e os ombros numa harmonia desafinada.
“Moço, boa tarde, tudo bem? O senhor pode colocar seu fone de ouvido, porque eu estou estudando e o seu som está me desconcentrando” pedi educadamente. Ele, grosso, respondeu “Posso baixar. Colocar fone de ouvido, não coloco”. Fechei e guardei meu livro.
Gente mal educada é igual à gente ignorante.
Olho pela janela e vejo Macaíba. Pronto. Só mais meia hora e já estarei no Machadão.
A falta de senso e noção de convivência pública a mim, incomoda demais.
Não gosto de ficar perto dessas pessoas. Contamina.
Não quero adoecer.
2 comentários:
Grande exercicio de paciência essa sua viagem. rsrsrs
Imenso, rapaz, imenso!
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