Domingo me flagrei refletindo entre o êxodo e o êxtase. Logo domingo. O lógico é que quando a gente ouve “êxodo” – eu pelo menos quando ouço – lembro automaticamente das cansativas aulas de geografia sobre Êxodo Rural ou pior, das de religião sobre o livro do antigo testamento escrito por Moisés.
E quando fala-se em êxtase nada mais próprio do que a música de Mauricio Barros imortalizada na voz de Frejat, ainda na época do Barão Vermelho que quando vivia seu auge Top 10, Mamãe e Papai namoravam na calçada e que diz: ela é puro êxtase, ê-x-t-a-s-e. E não vou falar do jeito êxtase de sentir.
Pensei no êxodo e no êxtase de uma forma mais intensa, mais bonita, talvez. Pensei no êxodo como uma saída, claro, mas uma saída de mim, uma saída das minhas vontades, dos meus desejos, das minhas necessidades. E, pensei no êxtase como uma necessidade de contemplação, como a capacidade de se encantar com o outro lado. De se encontrar lá, quiçá.
Talvez Freud explique, talvez não. Talvez a psicologia entenda o que não é uma teoria. Sei que qualquer dia de tantas idas e vindas eu não vou voltar. Aquele caminho agora tem outro tempo. Os sonhos? Outro pulsar. E a vontade de ficar me dá vontade de nem ir.
Eu nunca soube partir. Pra mim, o mais fácil sempre foi voltar, sempre foi ficar. E são exatamente nessas horas que eu acredito no tempo como o pulso da vida.
Vamos lá? Viajar?
Aproveitar as férias. Aproveitar o outono. Aproveitar o presente. Aproveitar-nos.
Êxodo e êxtase – sair de mim, pra viver você.
A gente se desaprende. A gente desaprende o outro.
2 comentários:
Amiga...Magnífico! Adorei voltar aqui e contemplar tamanhas palavras.
Bjks,
Sulla Mino
No exodo de si mesma
Um extase com o outro
Nada que invalide o exodo do outro
Para encontrar o extase em si mesma
Vida as avessas
Via jante interna
Mochila de sonhos
Colchonete de estrelas
Buscando carona
Na companhia do outro.
Bom gosto
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