segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A solidão me faz conhecer as coisas que me completam. A solidão me faz esbarrar em mim. De repetente, eu começo a notar que eu e a música, se tivermos um livro, uma vodka e um pacote de biscoito passatempo, nos bastamos. E começo a constatar que esta solidão pode acontecer numa noite de sexta-feira ou numa tarde de domingo sem diferenciar que dia é dia de que.

Estou doente. E observo melhor tal constatação quando estou sozinha. É quando estou sozinha que sou desleixo. É quando estou sozinha que me deixo. Que deixo o perfume destampado e a toalha molhada em cima da cama. Que não dou descarga no sanitário, nem dobro os lençóis. Ando nas livrarias, ando, ando, ando, como se aquelas estantes pudessem conversar comigo e o sentido real é esse mesmo, de que cada livro daquele me conte sua história.

Outro dia, outra tarde de sábado vazia, depois da aula, das enfadonhas aulas de comunicação, não, não, acho que nesse sábado em especial a aula nem foi tão enfadonha assim, teve uma discussão sobre crise em grandes empresas e foi, foi legal. Mas eu saí depois da aula sem rumo, como sempre sem rumo são os finais das minhas tardes e o inicio das noites. Saí. Sozinha. Não preciso de nada além de música, livro, vodka e um pacote de passatempo. Tinha o livro na bolsa, a música no Ipod, a vodka e o biscoito no bar da esquina. Caminhei.

A agonia das livrarias nas tardes de sábado me afastam. Sentei no café. Alguém tinha esquecido um livro na cadeira. Gostei do título. Da capa eroticamente sugestiva para uma noite de sábado. Antes que eu esqueça, o título: Cerimônia da Sedução. O autor? Cassie Ryan. Não sei se Americano ou Europeu, sei que eu, nunca tinha ouvido falar. Não é um romance de grande primor, não é um livro que tenha grandes citações ou que nos deixe com a sensação de que “o cara que escreve coisas assim é genial”, mas tem uma frase. Aliás, tem um diálogo genioso. Que segue assim:

— É um homem teimoso, dominante, insofrível, e chia os dentes enquanto dorme até o ponto de que muitas noites gostaria de matá-lo. — Sorriu e seus olhos brilharam (…) — Mas também é meu melhor amigo, e o quero com todo meu ser. Além disso, perdoa-me meus costumes mais desagradáveis e, apesar deles, quer-me. — encolheu os ombros e continuou a falar.

É abstratamente concreto.

2 comentários:

Paula Medeiros disse...

Larissa,
você tem algum livro publicado? Onde eu encontro?
Abraços,

Laris. disse...

Oi Paula.
Não tenho livro publicado. Mas, quase tudo que tenho está aqui no Blog. Obrigada pela leitura.