terça-feira, 18 de outubro de 2011

A mulher que eu queria ser

Queria ser meiga e discreta. Repito isso quase que constantemente aos meus amigos homens.


Sacam aquelas mulheres que entram num ambiente e saem sem ninguém dá conta? Elas geralmente são magras e altas, usam roupas folgadas, coisas no pescoço, sentam a mesa do canto, pedem uma Martini Rose, alguma entrada light e tudo que falam é com os olhos. Se gesticulam os lábios, é na hora de direcionar o copo à boca.


Outra semana fui jantar com um amigo, ele queria me apresentar a namorada. Nos encontramos num restaurante, tomamos 2 garrafas de vinho até eu descobrir com o que ela trabalhava. Ela era dessas mulheres misteriosas que sabem o que querem da vida e onde estará a exatamente 987 dias, 22 horas e 30 segundos, caso não aconteça uma fatalidade.


Eu não. Vivo perdida me perguntando o que estou fazendo aqui. Traço metas de desejos até que o desejo se acabe. Ou realize.


Tenho uma multidão de amigos. A maioria homens. Não passo despercebida nem na fila de espera do banco com a ficha 107. Sou espalhafatosa, falo alto, dou gargalhadas, me lambuzo de sorvete feito criança, bebo vodka e embriagada ou não, converso muito, algumas horas e você já sabe minha vida inteira. Pois é, prefiro falar de mim a falar dos outros. Não que minha vida seja interessante, não é, mas sei mais ao meu respeito.


Esse estereótipo da mocinha virgem que não fala de sexo e não tem orgasmos múltiplos não saí de mim.


Vez por outra me flagro imaginando como eu seria recatada e imediatamente adiciono o rótulo de frigida a minha imaginável imagem.


Sou original, não adianta. Não aprendi a me comportar, nem me esconder. Feminina. Pra fora. Pelo o tom da voz. Sou mulher.


Hoje almocei com esse mesmo amigo. Contei pra ele uma história que está me ocorrendo e afligindo o tempo todo. Ele prontamente disse “admiro muito você viver o hoje pra caralho. Se preocupa com a vida, mas vive com o botão de “fodam-se o que os outros vão pensar ligado”.


Na teoria dele gente assim parece que vive melhor, mas é só desligar o botão e a “mulher fuderosamente foda” como ele gosta de adjetivar se torna uma menina frágil e insegura ali, diante de um homem, de um prato de salada e de 100 ml de suco de limão.


Acho que me encontro mais quando estou perdida, como nesta fase morna em que nada acontece e ao mesmo tempo tudo muda.


Na rua, como nunca.


Estranha, como sempre.


Preocupada no máximo se vou encontrar algum homem charmoso pra escrever um texto quando chegar em casa bêbada.


Ou quando vou me envolver na próxima enrascada.


10 comentários:

Neísa disse...

Eita lalá... o certo é que vc é o máximo e pronto. Concordo com seu amigo qdo ele diz que vc vive o momento e acho que é justamente por esse motivo que mta gnt cai de quatro por vc

Laris. disse...

E se levanta rapidinho, néam?! hehehehe
Você, sempre de prontidão. Saudadona! Obrigada por tudo! Por sempre!

carlos santos disse...

Minha cronista favorita, que delícia de texto. Você ou um personagem se apresenta nele? Alter-ego?
Que fique o mistério.
Sempre digo que vale a mulher como ela é; quem não gostar, dane-se! É pegar ou largar. Espontânea ou recatada; misteriosa ou translúcida. Não importa. Que seja feminina, intensa; cativante ao seu modo. Leais ao seu sentimento. Essas mulheres nunca são mais uma, na multidão, porque serão sempre únicas em nós. Beijos.

Neísa disse...

Meu blog favorito e se tem alguem a agradecer algo aqui, sou eu. Por vc viver o momento, com "aquela tecla acionada". Vc sabe que adoro isso... deixe pra pensar no amanhã depois, igual a Scarlett O'hara, minha eterna musa. Saudade tb.

Ivana disse...

Amei lindooona!!! Vai longe essa menina talentosa. Bjosss

Thiago Medeiros disse...

Podem saber da sua vida em poucas horas, mas vão demorar para te conhecer.

:)

João Henrique disse...

Você é um encanto, LariGabi. Um amor!
Seu problema é saber disso.

Ana Cândida disse...

Pois eu queria ser igual a vc. Láris, vc é um máximo! Te admiro demaaaais! Um beijo!

Anônimo disse...

Ah, Lari... Você é fodástica, exatamente do jeito que é... E POR SER do jeito que é. Uma mulher que muitas vezes sabe o que quer, outras vezes uma menina, que quer tudo e quer tanto... Quer agora, pra já, sem a devida paciência consigo, com o mundo.
Amo você, simples assim e totalmente de graça.
Lidiane

Augusto Sales disse...

Às vezes isso acontece mesmo. Aos olhos dos outros, somos meio fodões, mas "internamente" somos inseguros.

Sinto isso o tempo todo.

Abraço.
regthorpe.blogspot.com