Passou o ano inteiro juntando retalhos de cetim. Aquele tecido brilhoso e macio alimentava as suas esperanças e enchia de alegria as suas expectativas. Guardar cada pedaço colorido depois de cortá-los, emendá-los, engomá-los chegava a ser um ritual prazeroso. Juntamente com a máquina de costura herdada da avó ligava a vitrola com o samba moroso de Benito di Paula, inspiração maior para a criação da fantasia, então, começava a tecer seus trajes.
Na medida em que virava a peça, imaginava que estava costurando o corpo dele com seus lábios. Era capaz de sentir o cheiro de amor que exalava de sua pele macia, sentir os cabelos ásperos, a respiração quente. Adormecia sempre, antes de terminar sua meta, depois abria o baú e escondia com gosto a peça sempre inacabada.
O prazer de criar, emendar cada pedaço se guardando para quando chegasse o Carnaval. Nenhuma costureira ou estilista acertaria a medida exata, encaixaria os retalhos com perfeição. Seria a Colombina mais bonita do salão, passou três meses se preparando. Cada semana que passava os pedaços de tecido ganhava forma para o corpo, espaço para pernas, braços e quadris. Um colorido iluminado, festivo.
Depois de costurada, a Colombina passou um mês para bordar as pedrarias, lantejoulas, paetês e todos os adornos necessários para complementar a fantasia. Comprou purpurina e glitter de todas as tonalidades, afinal, tinha chegado seu momento. A cidade já estava decorada, as pessoas já estavam animadas, as rádios já ensaiavam todas as machinhas que seriam sucesso naquele Carnaval.
Confetes e serpentinas roubavam o lugar da nostalgia como uma máscara rouba os traços de um rosto. O banho demorado, os sapatos de lantejoulas vermelhas, o par de meias preta e a roupa da grande noite, detalhes perfeitos, harmoniosos, delicados.
A saia rodada. Vestiu-se cuidadosamente. Era como se estivesse despindo o corpo dele. O amor pacientemente esperado é assim, desesperado. Era apressada e ansiosa nela, para ser lenta e calma no corpo e nos beijos dele, esperava agir devagar e demoradamente para eternizar os instantes. Pintou o rosto, iluminou as maçãs da face, olhos, nariz, avermelhou os lábios, penteou os cabelos, perfumou-se inteira. Afinal, iria encontrá-lo.
Na medida em que virava a peça, imaginava que estava costurando o corpo dele com seus lábios. Era capaz de sentir o cheiro de amor que exalava de sua pele macia, sentir os cabelos ásperos, a respiração quente. Adormecia sempre, antes de terminar sua meta, depois abria o baú e escondia com gosto a peça sempre inacabada.
O prazer de criar, emendar cada pedaço se guardando para quando chegasse o Carnaval. Nenhuma costureira ou estilista acertaria a medida exata, encaixaria os retalhos com perfeição. Seria a Colombina mais bonita do salão, passou três meses se preparando. Cada semana que passava os pedaços de tecido ganhava forma para o corpo, espaço para pernas, braços e quadris. Um colorido iluminado, festivo.
Depois de costurada, a Colombina passou um mês para bordar as pedrarias, lantejoulas, paetês e todos os adornos necessários para complementar a fantasia. Comprou purpurina e glitter de todas as tonalidades, afinal, tinha chegado seu momento. A cidade já estava decorada, as pessoas já estavam animadas, as rádios já ensaiavam todas as machinhas que seriam sucesso naquele Carnaval.
Confetes e serpentinas roubavam o lugar da nostalgia como uma máscara rouba os traços de um rosto. O banho demorado, os sapatos de lantejoulas vermelhas, o par de meias preta e a roupa da grande noite, detalhes perfeitos, harmoniosos, delicados.
A saia rodada. Vestiu-se cuidadosamente. Era como se estivesse despindo o corpo dele. O amor pacientemente esperado é assim, desesperado. Era apressada e ansiosa nela, para ser lenta e calma no corpo e nos beijos dele, esperava agir devagar e demoradamente para eternizar os instantes. Pintou o rosto, iluminou as maçãs da face, olhos, nariz, avermelhou os lábios, penteou os cabelos, perfumou-se inteira. Afinal, iria encontrá-lo.
Mesmo que o visse de longe, mesmo que ele estivesse com a Bailarina cor de rosa que impediu os beijos no último Carnaval, saberia que ele a reconheceria ainda que fantasiada em meio a outras Colombinas, os corpos se desejariam e ver aqueles olhos alimentaria mais um ano de esperanças e sonhos.
Olhou-se no espelho. Estava pronta. Sentia-se linda e inteira. Perfumou-se outra vez. Um cheiro forte e marcante tomou conta de todo o ambiente. Um choque de energia, encadeamento puro, leve. Sensação de plenitude. O esforço de juntar os retalhos compensou entrar no barracão e sentir alegria. O som do samba era silêncio nos seus ouvidos. Ela não coordenava o corpo. Não continha a ansiedade em revê-lo, e lá estava ele, em meio aos Palhaços, Pierrôs, Piratas e Sambistas. Tinha o ritmo da música, a fortaleza das batidas de tambor. Parecia que existia para ela.
Discretamente se olharam. Um arrepio tomou conta do corpo da Colombina como uma sensação de emoção. Aproximaram-se, e todas as palavras já tinham sido declaradas no olhar. Era único. O único Arlequim da multidão. E depois de beijá-lo a Colombina transformou o amor em uma eterna fantasia de Carnaval. O que sentiram um com outro, era singular demais para não ser transformado em alegria.