quinta-feira, 25 de março de 2010

Depois Perdi


Vai e volta, vira e mexe, sobe e desce, Nei Leandro de Castro toma de assalto a minha mente com uma rima simples, talvez a não mais bonita, mas, claramente sincera.

“Subi ameias, conquistei - depois perdi” analisando o antes e o depois, a intenção do verso é menos profunda, ou não, certamente, não tão singular como eu sugiro. Nei se refere ao amor de uma mulher, aposso-me sempre da frase como se fosse minha, e amplio sempre que me acontece algo que remete à perda, à vida inteira, à culpa, ao suor, à carapuça, ao servir, ao doar, ao entregar, ao brigar, ao conquistar, ao perder. Principalmente ao perder. A gente sempre está perdendo algo. Perde tudo. Perde até na hora de ganhar.

Eu perdi o tempo. Aliás, o tempo me perdeu. Quem manda ser atrevido? Perdeu uma das suas principais aliadas. Não me desespero mais. Não quero mais viver tudo de uma só vez. Estou paciente e equilibrada – exagero. Mas, pode passar tempo atrevido, passe que eu não estou nem aí; inclusive, venho até curando a minha revolta com você: de ter me jogado no mundo na época errada.

Promessa de ano novo: em 2010 vou viver para sorver os novos rios que virão. Lembra? Não mandei esquecer.

Sempre que perco lembro da frase de Nei Leandro.

Sempre que ganho, também.

segunda-feira, 15 de março de 2010

O que é erótico pra você?

- Teresa, como vai?

- Olá, Mariza, estou bem.

- E suas filhas?

- Todas com saúde. Lutando.

- Meu filho, Pedrinho, lembra dele?! Acho que estudou com Larissa, sua filha mais velha. Bem, Pedrinho é médico, está fazendo residência em São Paulo. E Larissa? Continua com aquele Blog Erótico?

- Blog Erótico? Como assim?!

Por telefone, minha mãe relatou o diálogo, quase monólogo, que teve com a mãe de um colega de escola no supermercado. Morrendo de rir, claro.

De dona Teresa eu queria ter herdado a paciência e a serenidade. Os olhos da minha mãe refletem paz, confiança, abrigo; talvez seja até o que você veja nos olhos da sua. Mas, a minha é diferente, os olhos dela falam de amor e equilíbrio aos quatro cantos.

Se ser mulher é ser erótica, eu sou lírica. Gostem ou não. Nunca foi o meu forte fingir pra agradar. A maturidade nos faz seletos para alguns, enjoados para outros. Interpretações mal feitas nunca foi meu estilo. Nem para fazer, nem para entender.

Sou uma mulher bem resolvida com os meus desejos até quando não consigo controlá-los. É uma questão de sentir, ou como diria Lispector, de tocar. Não é falta de pudor, é excesso de verdade.

A diferença entre eu e a conhecida da minha mãe é simples: eu falo (escrevo) o que sinto e ela não.

Coitada.

Deveria abrir um blog sobre comportamentos recatados.

Prefiro continuar com os meus libertinos (comportamentos).

Minha mãe agradece minha honestidade ao coração.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Pós-liminares

Quando o sexo vira uma situação automática não precisa de ambiente, luz de velas e muitas palavras. Quando eu falo situação automática me refiro ao fato de se ter parceiro fixo e claro, ativo sexualmente.

Vou explicar; sábado à noite: os preparativos começam pela manhã. Salão de beleza: massagem, unhas, cabelos, depilação, o sono da tarde, a ligação as dezoito e pouco. Um sorriso. Você se arruma; perfume, lingerie, rimel – com o cuidado de separar cílio por cílio com o palito de dente, não necessariamente nessa ordem, e vão para o cinema, depois para o barzinho, uma dose, outra dose, um beijo daqui, outro de lá. E quando ele coloca a mão no seu joelho direito, quase pegando na sua coxa você pensa “hoje tem”. Se não tivesse, seria um sábado perdido, para mim, pelo menos. Não importa se antes de dormir, ou quando acordar.

Sou uma mulher péssima para as tarefas de casa, confesso. Acho que não casei ainda por isso, as coisas mudam, mas, dificilmente, eu lavaria um banheiro às dez horas numa manhã de segunda-feira. Fui criada para fazer cama. Cozinha e lavanderia eu pago para fazerem. Nada de errado. Estou cumprindo minhas 'obrigações' de mulher. Mas, não me vejo lavando fundo de cueca. Até que com o fogão, por necessidade, rola uma torrada, um brigadeiro, uma macarronada, mas com rôdos, vassouras e amaciantes, só rola o desejo de guardá-los na dispensa, nada muito intimo.

Jamais disfarçarei o prazer de ficar entre os lençóis nas manhãs de domingo até as dez, onde, doze, uma da tarde. Primeiro para compensar a semana inteira acordando às seis horas, segundo porque gosto de adiar ao máximo o banho depois do sexo.

Acho um crime imperdoável ao cheiro da pele do outro essa mania de correr para o chuveiro depois das juras de amor. Durante, não. Depois tem que deixar cicatrizar. Tirá-lo de mim pra quê? Depois vou sentir saudade. Depois vou ficar cheirando minhas mãos, meus braços, meus ombros procurando vestígios do corpo dele, das mãos, do toque, do cheiro.

Estou evitando o banho logo após do sexo.

Se for na minha cama, evito trocar as fronhas e os lençóis para que fiquem até os fios de cabelos.

Se as marcas não saem do coração, do corpo e da cama é que elas não devem sair.

terça-feira, 2 de março de 2010

A vida tá foda

Tá bom! Tá bom! Vou assumir: a vida anda foda. É, foda. F-O-D-A! Como diria os engraçadinhos com “PH” de Farmácia. Sem grandes significados Aureliano. Anda foda pro romantismo, para o trabalho, para a paz, para a natureza, para o Haití, para o Chile e para o Brasil, ah, para o Brasil sempre foi.

E como um choque elétrico eu começo a entender esse meu receio de me apegar às pessoas. Eu suporto bem a dor da falta. A dor da falta é como desejar algo que você nunca teve e talvez nunca terá. Sabendo exatamente como seria e o que faria se tivesse. Eu, só faria feliz.

Tá foda. Porque o Michel Jackson morreu. Porque a Dilma vai entrar pra história como a primeira mulher a governar o Brasil. Porque quem forma opinião não lê. Porque o teclado não faz o barulho da máquina de escrever. Porque o Caio recebe já já uma proposta de outro clube e deixa de trazer alegrias para o Botafogo. Porque o Caio Fernando de Abreu se une ao Fabrício Carpinejar para me dizer verdades. Porque a Seleção em ano de Copa do Mundo entra em campo com um agasalho vermelho. Foda porque ele nunca mais me procurou. Porque nunca mais me protegeu. Foda porque ele nunca mais me encontrou.

Ele, o tempo. Que se ocupa em tentar ser distante. E tenta voltar inevitável. Derrubando e arrastando tudo. Sempre vem, sempre chega, sempre envolve, sempre domina. Sempre traz solidão a tiracolo. Reflexão. E ainda quer tentar ser a solução.

Ando cansada de receber as mesmas perguntas, de ouvir as mesmas respostas. Não tenho escrito, mas tenho pensado bastante. Sei lá. Estou cansada de tudo e sem motivações. Eu tinha me prometido não ser mais sensível. Mas escuto os sinais do tempo chegando. Quase dobrando a esquina. Vai me bater? Vai me derrubar? Vai me devolver? Ou vai me levar?

Ele parte.

Eu fico.

É foda.