sábado, 31 de julho de 2010

Ele: O que você quer ouvir?
Ela: Você. (Pausa)
Ela: Acenda um último cigarro e cante pra mim.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Aconteceu você

Os pronomes estão trocados e o vento não tem trazido respostas.

É inverno e eu só lembro de não acreditar em tudo que me dizem porque eu estou carente e sentindo muito medo de ficar sozinha.

Mas você aconteceu, e era domingo. E domingo é sempre o dia mais longo da semana.

Entrei no carro, baixei os olhos. E, como sempre, fiquei desconfiada. Não consigo encará-lo quando falamos de amor, quando falamos de nós.

- O que você está ouvindo? – perguntei aumentando o volume do som.

- Tim Hecker. Conhece?

- Não.

- É um músico eletrônico, como você pode ouvir. Canadense. Não sei muito sobre ele. Este álbum se chama “Um país imaginário” e esta música “Sea of Pulses”, comprei outro dia.

Falou o título do álbum traduzido e o título da música em inglês. Deve ter tido um propósito.

- Mar de pulsos? Assim? – perguntei intrometendo minha fala nas palavras dele.

- É. Assim.

E me sorriu inteiro: de corpo, olhos, boca, dentes, face, mãos. Aquele sorriso dele que é mais de olhos do que boca, que é mais meu do que qualquer afirmação que ele não me faça.



Abri os vidros para sentirmos o vento. Saímos sem rumo. Como sem rumos somos. Um triângulo amoroso – eu, ele e Tim Hecker, que coitado, dançou na próxima curva, baixei o volume do som. Ficamos ouvindo o volume um do outro; dos pensamentos, dos tormentos, do silêncio, da respiração, da vibração.

O problema é que as pessoas sempre pensam que não sobreviverão quando não sobrevive o amor” – falei aumentando a voz. Não sabia se o meu amor iria sobreviver quando a chuva parasse e passasse aquela vontade desesperada de deitar a cabeça no colo dele e esquecer o mundo que já nem havia lá fora – do carro.

Antes que eu fizesse, ele fez. Encostou a cabeça no meu ombro. Fechou os olhos. E aquela situação mal resolvida de nunca sabermos quem éramos, onde estávamos e o que queríamos – de nós, de mim, de ele, do mundo, convalesceu quando ele se deitou em mim.

Tão secreto. Tão sagrado. Eu não sabia se deveria tocá-lo.

Toquei.

E confesso: não precisei de mais nada pelo o tempo em que ele também me tocou.

Se haverá amanhã no amor?

O amanhã é distante. É tudo que eu sei.


terça-feira, 27 de julho de 2010

estou com preguiça de me apaixonar;

domingo, 25 de julho de 2010

Sobre o futuro

Ela: Você acha que tem futuro para mim?
Ele: Não. Não tenho futuro nem para mim.

Presente: Fazem-se felizes.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Assim crescem os jovens

Você sabe que envelheceu quando entra na livraria sozinha numa tarde de domingo e compra uma edição da Revista Cláudia. Em seguida, você olha o relógio e pensa: daqui há uma hora tenho trabalho. A constatação faz você chegar à conclusão que não daria tempo você entrar em nenhuma das lojas lotadas para comprar aquela blusa neon ou aquela camisa cor de rosa com xadrez largo.

Em passos lentos – devagar, quase parando - como diria o matuto, você vai saindo, afinal, seu único objetivo quando resolveu sair de casa duas horas da tarde do domingo para ir ao shopping era: comprar uma edição da Revista Cláudia, mentira, era almoçar.

Sushi no bucho, pé no fundo. Você vai trabalhar com a revista lacradíssima dentro da bolsa. Bem, a partir de agora vou escrever em primeiríssima pessoa: não guardo revistas, nem as que assino. Terminei de ler, podem levar. Agora, o plasticozinho preguento eu quem tira. Não empresto a ninguém tal prazer.

Guardei a revista quando cheguei em casa em cima do aparelho de DVD do meu quarto. Lacrada. Malu Mader na capa com toda história profissional, dicas sobre as fases da lua, cortes do cabelo e aqueles assuntos femininos de salão de beleza e elevador. Para ter o prazer de lê-la quando chegasse do trabalho – “escondi” como se tivesse escondendo uma caixa de chocolate.

Apois é. Chego em casa e a primeira coisa que vejo é a minha revista em cima da mesa, aberta, lida e relida, com aquela pontinha da lateral direita, da parte de baixo, já fazendo dobrinha. Droga! Quando penso em alterar a voz para soltar uma piadinha minha irmã – 17 anos, rainha da intolerância e da impaciência tasca: foi mamãe. Ah, tenho uma Gloss, mas é de maio (uma revista para jovens, faixa 16-20 editada também pela editora abril), simpática, joga em minhas mãos.

Manchetes de capa:

SEXO – É mais legal com homens mais velhos ou mais novos?

Ô MANDINGA BÔA- Atrair amor? Combater a tristeza?

SAÚDE – Anticoncepcional para as mais esquecidinhas

Pasmem! É o que os adolescentes estão lendo. Em meio a tudo isso, nada além de coisas de adolescente como: cores e marcas de esmalte, combinações de roupa, entrevistas e combinações de moda. Mas, quero voltar ao sexo, porque não sou moralista. Mas, quero voltar ao sexo que é o que me interessa no caso Gloss x Cláudia.

1° matéria que me chama atenção: “Por que eles somem?” Tudo bem. Nada muito diferente das Carícias & Caprichos da minha La belle époque. Até li. Pra ver se eram os mesmos motivos de antigamente. É, porque com o mundo digital e os namoros virtuais os relacionamentos andam mudados, e, cabe a mim, reaprender a paquerar e blábláblá. Pois são. São os mesmos motivos. Que eu resumo em menos de 140 caracteres: eles somem porque não estão mais interessados. #prontofalei

Em seguida, num passe de três páginas outra matéria: Verdes ou Maduros?

Eu, coitada, pensei que a matéria se tratava de tomates. Eis que a manchetinha revela: há diferenças, sim, entre fazer sexo com homens mais novos e mais velhos. Escolher um ou outro é questão de gosto, timing e encaixe.

Cof, cof! Comecei a ler confirmando muitas coisas que eu já sei – sobre os homens mais novos, sobre os homens mais velhos – baseando-me claro, nos meus 26 aninhos, cabecinha de 50. Exemplifico:

“homens de 19 anos só querem saber de gozar três vezes e tomar banho depois”

“após os 40, eles estão mais preocupados com a qualidade do que com a quantidade do sexo”

Segue a matéria. Cheia de retrancas, boxes e infográficos e tal&tals. Então, derrepente, não mais que de repente “Pegando no tranco” – uma retranca em caixa alta, letrinhas vermelhas afirma: “52% dos homens entre 45 e 70 anos pode apresentar algum grau de impotência (leve, moderada ou completa).

Okay, okay. A retranca é ilustrada por um “Pintômetro” com os vários níveis de ereção peniana dos 20 aos 70 anos. Copiarei exatamente como está na matéria ilustrada por um homenzinho nu que possui 4 pênis variável em 4 ângulos:

20 anos – Em 3 segundos de excitação sexual, o pênis atinge um ângulo de 110°

30 anos – Em 10 segundos, pode chegar a 110°

40 anos – Em 20 segundos, alcança um ângulo de 95°

50 anos – São necessários dois minutos para ter uma ereção de 89°

70 anos – Em cinco minutos o pênis sobe a 65°

“Tudo isso, claro, pode variar dependendo da saúde física e emocional da pessoa e da fervura do momento”

This is serious. É o que as lindas, loiras e avançadas jovens, menos de 25 anos estão lendo, aprendendo e cultivando nas revistinhas de R$5.


Fui até o fim das páginas para descobrir o que eu ainda precisava aprender: próxima matéria: Aborto. Próxima: Esqueceu o anticoncepcional? Tome a pírula do dia seguinte. Segue páginas. Na última, quando eu penso ingênua: pronto, deve ser um artigo de última página sobre as mães, afinal era o mês de maio, surprise: “15 frases de sexo para ler na cama” ilustrada, claro, por uma moça de peitos de fora, cobertos pelas mãos. E assim caminha a humanidade. E assim a geração que prossegue a minha cresce.

Ah, quanto a Cláudia. Pois bem, pois mal, matérias sobre Lua e Sol. Áries, Câncer, Libra, Leão, Peixes e jardins e violetas e girassóis e como cuidar da casa e superar a traição do marido.

Obs:. Lógico que eu não ia matar os curiosos. Eis o Pintômetro - http://larisaraujo.blogspot.com/p/fotos_21.html

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Ele: Como você está?
Ela: Superando.
Ele: Essas superações das coisas da vida, é?!
Ela: É. Essas superações de nós mesmos.

Fez-se silêncio.
Um goto.
Dois.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Cartão Postal - II Ato

Chorei com suas palavras.

Endureci? Amadureci? Você quem está dizendo.

Pra mim, sempre serei assim. Sempre procurarei desesperadamente a instabilidade achando que o "novo" é o melhor, apesar de toda consciência absoluta de que não é porra nenhuma! Sempre acreditarei nas pessoas como se elas não fossem capazes de fazer comigo o que eu jamais faria com elas. E vou mais longe, sempre terei essa necessidade idiota de sofrer. De gostar dessa sensação absurda de abandono pra escrever besteiras sensíveis que só servem pra mim, pra ouvir músicas bobas, para andar de esquina em esquina procurando as experiências, pra ficar cada vez mais dependente do vazio, do escuro, do inseguro.

Uma vez você me disse que eu só brincava de ficar triste porque era muito feliz, lembra? Até hoje não sei se você tem razão.

Eu nunca vou aprender a amar! Eu sempre continuarei amando inteiramente entregue e presa a tudo que eu acredito, presa "as minhas verdades absolutas" - como bem disse aquela paixão idiota de inverno e inferno.

O que a gente não pode nunca: é se perder. É perder as nossas referências, é perder as nossas essências. Não podemos nunca perder o sentido do que verdadeiramente somos. Por mais que muitas vezes a imposição e o comportamento maduro sejam necessários não podemos perder essa menina de jeito engraçado, infante e inflamado que existe em nós.

Outra manhã estava pensando se por acaso eu deixasse de acreditar nas pessoas, o que seria de mim? Não seria mais essa pessoa iludida com a vida, com os sonhos, com o sol, com a lua.

Meus bons dias não terão sentido e meus amanhãs serão tão opacos quanto cinzas.

Aaaaaaaaa, como você ainda vai me ouvir chorar. Eu adoro chorar. Esse meu choro que é tão fácil quanto o meu riso. Que é tão espontâneo e verdadeiro quanto as minhas palavras. Escandaloso vezenquanto, silencioso nas madrugadas.

Essa carência do que eu não vivi. Esse excesso de imaginação.

Depois de uma grande decepção a gente aprende a nos olhar melhor. Apesar de acreditar por inteiro, a cegueira é embaçada. Eu procuro ver um pouquinho mais com a cabeça. Até pra descobrir se essa inteligência serve para outra além de escrever relatórios, planos de mídias, planejamentos de marketing e ações de mercado.

Outra coisa: aprenda a ser paciente. Eu tenho treinado. Juuuuro que tenho treinado. Se obtive sucesso? Não muito, mas não tenho mais tanta pressa. Tenho buscado não viver como se amanhã fosse o último tempo de sol, acredita? Tem sido difícil, mas tem sido doce. Eu vou me encontrar inteira. Eu vou me encontrar quando encontrar minha ebulição.

No amor? Já sei que só quando encontrar alguém tão desequilibrado, despretensioso e obstinado a amar sem parâmetros, sem limites e sem medidas, assim como eu. Será um céu ou um inferno. Será extremo. A gente vai se matar e, consequentemente, não sei o que será.

Você deve está pensando “não existem homens obstinados ao amor, babaca!” Eu sei. Eu sei que não. Não leu que “nunca vou aprender a amar”?! E o motivo eu já nem sei.

Ou o motivo está naquela pergunta: “Por que você não me deixa continuar te amando pra sempre?”

Enfim, tudo é escolha. E em cada escolha tudo se torna possibilidades - novas.

Um desabafo: só quem soube amar nesse mundo foram Léo e Bia, nem Paula e Bebeto, nem Eduardo e Mônica. E, cá pra nós, eu ainda desconfio muito de Oswaldo Montenegro. Ele também é inquieto. Não sabe amar.

Então, pra sua felicidade, sossegue. Vai passar.

Estou sempre aqui. Descruze esse oceano. Atravesse essa estrada.

É sempre urgente a sua presença.

Yo.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Cartão Postal - I Ato.

Baby,

Obedecendo a suas ordens de amor estou respondendo o Postal “assim que o recebi”. Você, claro, não iria me exigir que a resposta fosse a punho e em outro postal, né?! Já perdi todo o resto da coordenação motora que ainda tinha para apontar o dedo bem no meio das suas ventas.

Eu sou muito independente, como você deve saber. Eu não tomo remédio, aceito as dores.

Hoje eu fiz supermercado. E o que eu preciso dividir com você sobre a ida fabulosa ao supermercado (depois do Brasil ter perdido o jogo de virada pra Holanda) é que as únicas baganas que eu comprei foi um pacote do meu chocolate preferido (que você sabe qualé), um pote de Mel Karo e outro de Nutella. No mais, o que é comprável, obviamente. Além do mais, uma coletânea de Grandes Sucessos Internacionais com 15 faixas por causa da nona, e adivinha? Bizzare Love Triangle e ó nem ouse pedir emprestado, não vou fazer de conta que esqueci no carro para te dar de presente sem querer querendo, a versão é a de Frente e você só gosta a de New Order.

Continuo sem ligar muito pressa história de ir ao cinema sozinha, vezenquanto como você também já sabe: prefiro. E se eu teimar, viajo sozinha sem problemas. Troco as lâmpadas, lavo o carro.

Independente, eu sei ser. Inclusive, estou pensando em voltar a surfar – desculpa pra voltar a freqüentar Canoa todos os finais de semana. Capoeira, não, a L.E.R. não deixa mais eu fazer essas traquinagens. Nem a idade, vai. Inclusive, três meses sem pisar nas aulas de taekwondo. Sem cagaços, ok? Lembre-se que na próxima Copa eu já terei 30 anos. 3 décadas. 3 gerações. Ímpar.

O que eu preciso é de alguém que me mime de vez em quando. Que ligue pra saber se eu almocei e prepare um jantar especial.

Uma mão pra segurar a minha. Tal okay! Tal okay! Vejo daqui você balançando a cabeça em sinal de negação, virando uma dose de uísque sem gelo, coçando a nuca e sou capaz de ler os seus pensamentos “Você? Você não precisa disso!”. Acertei?! Tenho precisado. Só pela minha necessidade de contrariar as suas certezas. Não tem coisa mais agradável do que ir com alguém, de mãos dadas, pra qualquer lugar. A vontade de viver vem é desse afeto: de andar de mãos dadas.


Estou aproveitando bem as dores. Tem ardido. Tem sangrado. Mas você tem razão. O tempo não tem palavras, não tem atenção, não tem muita coisa de espírito para dar.

Nunca teve. Não pra mim.

No mais? Até mais.

Se sentir saudades, lembre-se que eu vejo a mesma lua, tomo banho no mesmo oceano e acordo com o mesmo sol.

Besos,

Larí ( com acento agudo no i de inenarrável e tudo)


quinta-feira, 1 de julho de 2010

Foi por amor,

É quase primavera.

O Solstício de junho foi ímpar.

O de Setembro também será.

Estou tão cansada que os meus ombros ardem.

Estou tão cansada que os ossos que ligam o meu pescoço a nuca queimam meus músculos e pensamentos como rojões.

Estou tão cansada que aquele desejo que se liquefazia do meu corpo na madrugada de ontem se torna uma necessidade.

Como e se fosse a única coisa que aliviasse a dor. A dor dos ombros. A dor do. Dó. Do. Dor.

Essa solidão de você.

Essa expectativa de você.

Foi por amor.

É por querer.


E você vai me perguntar – desafiando.

O que lhe falta para conseguir?

- a vontade de ser.