Porque sempre que eu me refiro a ela eu me refiro como Minha. Como o meu verdadeiro e único sentimento eterno de posse e dependência – ainda que a vida nos separe, ela continuará sendo minha. Minha Mãe.
Minha e das Minhas irmãs que
quando as incluo no amor tudo se transforma em algo muito maior, na nossa família.
E outro dia, depois de um dia exaustivo
de trabalho, Minha Mãe me ligou perguntando quanto tempo eu ainda demoraria pra
chegar em casa, e eu, depois de desligar o telefone, me perguntei quanto tempo
ainda me resta para que ela me ligue perguntando quando tempo eu ainda vou
demorar?
Demorar pra entender que todas
as suas lições, limites e castigos impostos desde lá detrás, são para que eu seja
uma pessoa melhor – ou perto, ou longe do que sou - não sei, mas que eu seja
algo parecido com ela. Com a Minha Mãe.
Demorar pra entender que minha
rebeldia causa contratempos, que o meu sofrimento causa angústia, que minha
demora causa inquietação, que minha solidão causa silêncio.
Demorar pra entender que as minhas
conquistas causam sorrisos, que a minha participação causa segurança, que o meu
amor causa gratidão. E o seu amor não tem pressa. E sempre tá pronto para
ouvir, perdoar, abraçar.
Como é bom gritar: Mããããããããããe
e minutos depois, Minha Mãe escancarar a porta sorrindo. Como é bom sentir as
mãos da Minha Mãe desembaraçando os meus cabelos. E saber que Minha Mãe cuida da vida dela e todo o resto e que talvez, o mais difícil seja dá conta de ser Minha Mãe.
Lembro de uma noite, talvez
uma das piores da minha vida, em que voltava de Natal, uma solidão que eu
queria morrer dentro daquele ônibus frio e daquela chuva balançada na estrada, então lembrei que era véspera do Dia das Mães, e
a única coisa que me dava esperança era saber que da janela, ainda longe, eu
veria seu carro estacionado me esperando chegar, e que eu poderia chorar, Minha
Mãe, eu poderia adoecer, dizer tudo que eu estava sentindo, que eu tinha
deixado de sentir, mas ali eu tinha abrigo sem justificativa. Nada mais poderia me acontecer de
mal, porque eu iria encontrar Minha Mãe. E não precisaria mais de nada.
Lembro da gente olhando
fotografias outro dia, e rindo do quanto eu cresci, do quanto Minha Mãe não
envelheceu. Tá lá, naquela foto do São João no aconchego do colo, na da minha
formatura, onde Minha Mãe ergue meu diploma como se fosse dEla. E é. Porque as
minhas conquistas são.
Lembro de nós duas, quando
cabíamos juntas na mesma rede, e balançávamos, ríamos, cantávamos....Minha Mãe
me contava histórias e inventava estórias para me contar as coisas reais da
vida. Me contou como eu faria pra dividir o seu amor dali em diante com a chegada das Minhas Irmãs e contou
como talvez se sentiria quando eu dividisse o seu amor com meus filhos.
Foi Minha Mãe quem deu. Foi Minha Mãe quem fez. Foi
Minha Mãe quem ensinou. Foi Minha Mãe quem orientou. Foi Minha Mãe quem disse.
Foi Minha Mãe quem atendeu. Foi Minha Mãe quem amou a cada segundo, até nos
momentos em que eu não me amei.
Eu não entendo tanto amor, Minha Mãe. Mas agradeço,
respeito, valorizo, aproveito e do meu jeito meio torto de amar, até tento retribuir.
Porque talvez eu
leve a vida inteira – e até tenha filhos – mas nunca consiga entender o que é
ter Mãe.
4 comentários:
PARABENS, PELO QUE VC SENTE E DESCREVEU SOBRE SUA MAE. QUE DEUS LHE DER SEMPRE MUITO AMOR, PARA Q VC NUNCA SUBSTITUA ESTE AMOR.POIS SER MAE É ISTO AÍ QUE VC DESCREVEU DA SUA. SOU MAE TB.DEUS LHE ABENÇOE. ABS.
Que coisa linda, Lari. To emocionada.
Muito lindo!!! O pior é que ela merece tudo isso e muito mais!
Que lindo Lari!! Verdade pura o que vc escreveu.
Beijoss
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